terça-feira, 27 de janeiro de 2009

útero high-tech

“Trocado, seu moço?”
Fininho o pescoço
Em pé no sinal.
Que filhos gerei?
Meus seios de pedra
Meu útero high-tech
A voz digital
Eu nunca os olhei.
São duros na queda
Meus filhos moleques
Bastardos, perdidos
Criados, fudidos
Sem mato ou quintal
Se espalham, aos montes
Se banham nas fontes
São sujos, suados
Arrumam trocado
Nas bocas de fumo
E isso eu assumo
Nem nome eles têm.
Pingentes no trem
Sem rosto ou futuro
Um tiro no escuro
Sem nada a perder.
Banhados no sangue
Na lama do mangue
Desejam sem ter.
Que filhos gerei?
Meus filhos moleques
Eu nunca os olhei
“Trocado, seu moço?”
Fininho o pescoço
Em pé no sinal
São duros na queda
Meus seios de pedra
Meu útero high-tech
E a voz digital...


Angela Nabuco

Nenhum comentário:

Postar um comentário